terça-feira, 11 de maio de 2010

Tic Tac

Nunca fui tão ligado ao tempo, aliás, acho que sempre o temi. Temor pelo que virá contraposto ao ardor de tudo que passou. Eu que outrora vivia falando que “quem vive de passado é museu” hoje me assumiria curador de um. Um museu daqueles onde os corredores sejam intermináveis, onde as obras tenha valores imensuráveis, ao menos pra mim. Não me veja egoísta, me veja amante das minhas preciosidades. É complicado pensar em tudo que passou ao mesmo tempo em que é prazeroso o fazer.
Quando acalmo o físico no fim do dia, passado e futuro travam um duelo pra quem tomara conta desse meu presente. O passado é aquele filme que agente insisti em ver mesmo sendo repetido, é como assistir Chaves e rir de tudo, de novo. O futuro aparece estampado como estréia, ora sabemos como será, mas a ansiedade de vê-lo pode tanto nos empolgar como nos decepcionar. E um contrapondo o outro, é o medo à alegria.
Vasculhando um pouco do que o passado ainda me permite, vejo como são bons nossos velhos cadernos. Os recados nas últimas páginas dão gosto reler. Alguns me esforço para descobrir os autores, outros me vêem facilmente a mente de quem são. Até rabiscos me significam, aliás, muito deles. Como é bom ter isso tudo de volta, mesmo que momentâneo, mas meu. Nada tira o gosto da saudade, aliás, me empanturro dela.
Tempo. Rezo pra que ainda exista, persista. Apesar de muito me ter tirado, tudo me deu. Enquanto passa, rabisco alguns cadernos.