terça-feira, 13 de setembro de 2011

351.8 Km


É fato que não me agrado com números e quisá eu a eles. No entanto, me recorro as suas exatidões para descrever um pouco dos últimos acontecimentos.

Sentir falta da carteira, descobrir que foi perdida, tentar dormir pensando nela, sonhar que a encontro, ter pesadelo de não viajar, chegar mais cedo na agencia, sentir um frio na espinha, sentir uma alivio na alma, procriar planilhas, agradecer pelo ar –condicionado, fazer contagem regressiva, sentir saudades, fazer planejamento de viagem (sempre falha), sentir-se amado as 6 da tarde, fazer logoff da prisão humana e sorrir.

Fiz questão de zerar não só os cronômetros do “tomate” (sim, meu automóvel tem apelido) como também os do meu coração. Comecei devagar, como quem quer aproveitar e se deleitar ao máximo de cada próximo segundo. Tudo é mais divertido quando se tem companhia. Convidar um amigo pra viajar só não é melhor que receber a confirmação da ida. 

Partindo em 15 minutos. Em segundos, deixando os medos, desejos, a saudade. Ela é forte pelo tempo, mas é saciada na presença, mesmo que não na mesma proporção. A sensação térmica de calor foi mais pela ansiedade e desejo de reencontro do que propriamente por esquizofrenias climáticas. 

Os primeiros 50 Km foram compartilhados  pela imaginação e também pela parceria da amizade. Amizade. Tenham-na como companhia, sempre. É definitivamente, a melhor construção já exercida no coração humano. 

Entrada a 5 km. Estava perto, estávamos chegando. Uma mistura de atraso e euforia simplesmente cortou os decibéis de uma trilha sonora marcante e repetitiva. E enchi meus pulmões. Não foi o ar mais gélido, foram minhas lembranças voltando pra dentro de mim. 

Recém chegados, os sorrisos iam me aparecendo à medida que os abraços iam me envolvendo. Eu estava feliz, de novo, animado.
Tequila, pão-de-queijo, banho, Valter, alegria, passaporte, alegria, banho, alegria, vocês, poeira, lelê, abraços, poeira, lágrimas, sorrisos, abraços, poeira, musica, primos, amigos, irmão, R$3.00 (deveras repetido), arena, alegria, sono, fome, amanhã, tequila, gratidão, abraços. Eu estava ali, cercado do que ultimamente mais sentia falta e do que sempre encontrarei.

Acordar sorrindo é possível, mesmo que seus olhos não consigam se abrir direito, seu coração sabe o que ver. Alias, é ele quem precisar enxergar o que realmente importa. Sou grato por ter o meu. E ele, por ser o meu.

Calor, calor, calor, limão, carvão, churrasco, cocriações, palas, família, amigo, sono, calor, calor, calor. E os dias que eu vinha extinguindo com um X estavam se aproximando dele. Fechei os olhos e senti. Era só o que queria, era o que eu precisava. Não me arrependi de nada, de qualquer sorriso, de qualquer alegria. Faria de novo, e como espero para fazer.

Dessa vez o olhar pra trás foi alegre, já saudoso, mas alegre.
Partia para mais 60 Km, para próximo dos criadores do meu coração. Por mais que sejam difíceis, nunca deixaram de ser nossos. Pais. A casa muda, o sentimento não. O amor cresce à medida que a saudade constrói degraus. Gosto dos dois, deles, da saudade, do amor.

Meus olhos encontram o de vocês e simultaneamente os seus corações se tornam o meu. Não é a torta de frango nem as palhaçadas herdadas do sangue. É o encontro, o durante e a partida. A certeza da ida é a mesma da volta. Assim como os seus olhos se embaçam os meus se limpam.

Até logo, obrigado, também te amo, mandarei os abraços. Estrada, por do sol, ipê, lembranças, saudades.
160 km. Decrescentes, agora eles também se tornam alegres. Voltando pra realidade. Doce, dura, sonhadora, estimulante.

Cansado, realizado. Foram-se. Os dias passaram como todos os outros. Aprendi que somos nós os responsáveis por todos eles, os ruins, os difíceis, os alegres e os extensos.
É engraçado como tudo muda. Da perda ao encontro. Da poeira ao pôr-do-sol. Das lágrimas aos sorrisos. E vou seguindo.

351.7 km. Os últimos 100 metros foram para descobrir que eu recomeço tudo amanhã. Que há um Deus que acredita nos meus passos, que me instiga a caminhar e acreditar que tudo faz parte do caminho e principalmente pra me mostrar que os meus olhos se fecham à medida que meu coração se abre.

É fato que não me agradam os números. Mais por eles aprendi que a distancia é simplesmente um motivo para dizer que eu percorri. Ainda não venci porem vivi.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Volver

Há muito tempo longe daqui, vivi e convivi experiências em que algumas dão gosto lembrar e outras lembro pra não repetir do gosto.

8 temporadas ou 8280 minutos talvez me trouxeram mais experiências positivas do que pudesse imaginar. Novos sorrisos em uma nova cidade me fizeram ter gana por esperança e repúdio pelo fracasso. O muito detalhado de um pouco genérico que me cerca.

Como sempre gostei de sorrisos, hoje fico feliz em dividir o meu. A saudade dos distantes somente permeia no físico. Eu não brinquei quando disse que levaria "vocês" comigo e insisto em dizer que a cada dia consigo um espaço para os novos.

Aprendi a me libertar. Descobri que não preciso ter asas pra chegar perto de Deus. Ele bem gosta de terra firme e acaba esbarrando na gente todo dia. Acredito em anjo, encontrei alguns e alguns ficaram.

Percebi que publicidade não foi uma escolha, é uma certeza. Que amigos de infância se tornarão amigos de aposentadoria. Que minha cultura do interior é melhor que banalidades metropolitanas e que comer MC Donald pela primeira vez aos 23 anos me fez ter certeza de que realmente não devia ter comido.

Vou seguindo assim, assistindo Chaves quando consigo e sonhando em desligar padrões em Londres.

Voltarei com mais freqüência. Afinal, meus pensamentos sentiram falta do word.

“I don't wanna be anything other than me”



sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tão humano!

Quantas coisas duas estações me trouxeram. Quantas experiências tomei por conhecimento e quantas quero esquecer. Ouvi palavras que me trouxeram esperança, oportunidades e mais importante, ouvi a gratidão do esforço, do amor plantado que tanto – e por muito tempo – acreditei não prosperar. Não há porque desistir, aliás eu nunca o fiz.
Ferir-se é tão humano quanto respirar, e ainda bem que respiro. Sinto falta do acalento e da gratuidade do amor que via antes. As grandes vias junto à grande multidão, por hora me deixam retraído em um canto aberto. Vejo quão grande e pequeno somos. Grandes na pretensão, pequenos na gratidão. Nas indas e vindas dessa metrópole de reações – ditas - humanas, me assusto. No ímpeto de mudança me sinto deslocado. Alguém já reparou como nos perdemos tão fácil? Talvez veja demais. Crianças não têm mais sua pureza. Perdem-se na imundice dos abusos. O trabalho ocupa tempo, detém a infância. O extremo me entristece. Como é bom sentar-se ao lado da experiência da vida para que nos ensine. Hoje ela está ocupada, passa o dia à sol, com os braços estendidos na posição de oferta. Não mais oferecem histórias, os cifrões tomaram os sentimentos.
Onde esta o coração humano? Não se estende. Ninguém atende.
Quantas coisas duas estações me tiraram. Sinto-me livre. Já não me permito o tão rotineiro carinho materno, já não encontro meus achados diários. Quão falta me faz dividir os fones, ouvir as histórias continuadas. Os mesmos rostos estão agora eternizados na memória. Ainda dá gosto revê-los, e como dá.
Sei que mesmo aqui, ainda respiro. Sinto-me humano, grato por ainda ter coração e poder senti-lo. No mais, aguardo as próximas estações, espero que cumpram seu ciclo, que encontrem mais corações. Que assim como eu, respirem.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sempre vai ser

Foi concerteza, o maior presente que ja recebi.
A melhor coisa que ja li.



Eu escrevo é pra dizer,
O que eu sinto quando eu ouço essa canção.
Não chega a ser tristeza.
Porque a vida é assim.
E porque felizes, nós ainda somos.
Não chega a ser razão, pra que eu viva assim tão longe de você e você de mim.
Porque eu quero, ser o seu melhor amigo, companheiro,
Ser tudo o que você sempre foi pra mim,
E sempre vai,
Sempre vai ser.

Nosso despoluído amor e a nossa sinceridade,
Que quase nunca doeu demais.
E a certeza de que o acaso que nos uniu, é muito maior do que as circunstâncias que hoje nos mantém longe.

Se eu pudesse trocar uns miúdos com Deus,
Eu lhe pediria,

Você na minha vida outra vez.

Porque quando eu crescer
E ver o meu filho
E quando ele imitar os meus gestos
Eu irei imitar os seus

Porque eu quero ser o seu melhor amigo, companheiro,

Ser tudo o que você sempre foi pra mim
E sempre vai,
Sempre vai ser.

Obrigado!

Porque eu estou aqui.

Obrigado!

Porque eu sou assim.

Porque eu sou feliz, quando todo mundo diz, que o que eu faço faz lembrar você.

OBRIGADO!

Eu jamais vou esquecer

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tic Tac

Nunca fui tão ligado ao tempo, aliás, acho que sempre o temi. Temor pelo que virá contraposto ao ardor de tudo que passou. Eu que outrora vivia falando que “quem vive de passado é museu” hoje me assumiria curador de um. Um museu daqueles onde os corredores sejam intermináveis, onde as obras tenha valores imensuráveis, ao menos pra mim. Não me veja egoísta, me veja amante das minhas preciosidades. É complicado pensar em tudo que passou ao mesmo tempo em que é prazeroso o fazer.
Quando acalmo o físico no fim do dia, passado e futuro travam um duelo pra quem tomara conta desse meu presente. O passado é aquele filme que agente insisti em ver mesmo sendo repetido, é como assistir Chaves e rir de tudo, de novo. O futuro aparece estampado como estréia, ora sabemos como será, mas a ansiedade de vê-lo pode tanto nos empolgar como nos decepcionar. E um contrapondo o outro, é o medo à alegria.
Vasculhando um pouco do que o passado ainda me permite, vejo como são bons nossos velhos cadernos. Os recados nas últimas páginas dão gosto reler. Alguns me esforço para descobrir os autores, outros me vêem facilmente a mente de quem são. Até rabiscos me significam, aliás, muito deles. Como é bom ter isso tudo de volta, mesmo que momentâneo, mas meu. Nada tira o gosto da saudade, aliás, me empanturro dela.
Tempo. Rezo pra que ainda exista, persista. Apesar de muito me ter tirado, tudo me deu. Enquanto passa, rabisco alguns cadernos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tão simples

Pense no afeto como amor, pois é dele que surgimos e é através dele que demonstramos amor. Vivemos em um mundo em que as relações humanas passaram a ser terceiras. A saudade perdeu significado e o afeto contato. Já não nos abraçamos como outrora nossos pais e avós faziam. É tudo muito corrido e cômodo. Fale-se mais por meios, do que contato, mais da vida, de festas, dos outros do que amor. Vivemos de afetos refinados, mais escasso, mais rápido. Os afetos integrais hoje nos empanturam, demonstra amor demais, pra alguns é vergonhoso pra outros isso nem existe. Precisamos da integridade dos afetos, dos sorrisos doados, dos abraços apertados, dos carinhos humanos. Jesus não se refinou por nós, não deu outro na cruz por nós. Foi integral, viveu afetivamente o amor do Pai em nós, amava a todos com igualdade. Jesus não conhecia diferença, não teve afetos refinados, integralizou-se no amor. Perdemos esse afeto, por medo, por injustiças, pelo refinado.
Quantas pedras já lhe atiraram, quantas palavras já machucaram você. Jogam pedras em nós, seguramos as pedras e jogamos novamente, ou nem jogamos. O problema não está na pedra que o outro nos joga, mas, quando seguramos a pedra e ficamos agarrados. Tem gente que recebe uma pedra e fica decorando a vida com ela. A melhor coisa que tem é jogar a pedra fora, não permita que o seu agressor jogue a pedra e você fique com ela na mão. Quantos afetos estragados há dentro de nós, coisas que deveríamos jogar fora e não jogamos.
Os afetos passaram à precariedade humana, sentimos mais ódio que amor. É mais facil dizer não gosto daquela pessoa a dizer prazer em conhecê-la. É por isso a integridade do afeto, devemos ser o que realmente somos e não se vestir de máscaras para um enfeite mundano. No baile de máscaras, não podemos nos apaixonar, pois não conhecemos os outros. Elas caem, precisam cair.
Por isso em meio ao sofrimento procuramos dentro do nosso afeto respostas fáceis, respostas refinadas, mas temos que aceitar as respostas integrais. Muitas vezes preferimos os afetos refinados, aos integrais; pois os integrais dão trabalho para serem aceitos, exigi de nós muito mais estrutura, muito mais trabalho e organização. Sofremos com nossos afetos, por que não sabemos articula-los. É mais facil odiar a amar.
A experiência do desligamento, tem que ser tão linda, como o primeiro encontro.
Devemos viver dos encontros, de bons encontros, de verdadeiros sorrisos e de aconchegantes abraços. Se nos machucamos, é por que esperamos do outro, algo muito elevado. A espera é dolorosa, leva tempo, se não, não seria espera. Deixemos o refinado lado da vida para as coisas ruins. Sejamos integrais, no amor, na partilha e no afeto.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cartas entre Amigos: Sobre Ganhar e Perder


As indagações do mundo real e a da própria vida diária levaram os amigos Gabriel Chalita e padre Fábio de Melo a se corresponderem por um meio quase esquecido em tempos de e-mails: as cartas escritas à mão!

Dessa troca, desse diálogo entre os amigos, surgem de maneira quase iluminadora, respostas para muitas questões que a sociedade ainda espera.
Das reflexões individuais de cada autor nascem as afinidades intelectuais de duas mentes motivadas e envolvidas com nosso tempo, e que trazem ao leitor referências - de textos escritos em outras épocas - que podem ser citadas em qualquer situação do mundo contemporâneo em que vivemos.
Em Cartas entre Amigos: Sobre Ganhar e Perder, de Gabriel Chalita e Fábio de Melo, Machado de Assis, Castro Alves, Guilherme de Almeida, Graciliano Ramos, entre outros escritores, dialogam com as inquietações dos autores e mostram análises confortantes, que aliviam a aparente desesperança de viver no século 21. Já as citações de autoras em plena produção literária, como Adélia Prado e Nélida Piñon, permeiam o livro nos dando a sensação de ser "entendido" por alguém.
Na carta inaugural do livro, Gabriel Chalita lembra como o conhecimento nasce da experiência pessoal, mas cresce pelo convívio e pelo respeito pelo outro. E ensina como a espera e a esperança dão significado à experiência e ao conhecimento, como por exemplo, na frase "esperar é reconhecer-se incompleto".
O livro demonstra que a esperança é por uma humanidade mais fraterna. Porque o mundo contemporâneo impõe "o desafio diuturno de não desistir da pessoa humana". E essas cartas nasceram da aceitação desse desafio, de reinaugurar um futuro com mais solidariedade, empatia, compaixão, respeito e alegria.
Para Fábio de Melo as páginas deste livro são páginas de preservação, um verdadeiro "celeiro de palavras geradoras", já que ambos autores preservam vivas passagens da própria vida para compor este envolvente livro - destinado a conquistar os corações e as mentes de seus leitores.

No mais, é esperar lançar! Ansioso pra ler!