sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tão humano!

Quantas coisas duas estações me trouxeram. Quantas experiências tomei por conhecimento e quantas quero esquecer. Ouvi palavras que me trouxeram esperança, oportunidades e mais importante, ouvi a gratidão do esforço, do amor plantado que tanto – e por muito tempo – acreditei não prosperar. Não há porque desistir, aliás eu nunca o fiz.
Ferir-se é tão humano quanto respirar, e ainda bem que respiro. Sinto falta do acalento e da gratuidade do amor que via antes. As grandes vias junto à grande multidão, por hora me deixam retraído em um canto aberto. Vejo quão grande e pequeno somos. Grandes na pretensão, pequenos na gratidão. Nas indas e vindas dessa metrópole de reações – ditas - humanas, me assusto. No ímpeto de mudança me sinto deslocado. Alguém já reparou como nos perdemos tão fácil? Talvez veja demais. Crianças não têm mais sua pureza. Perdem-se na imundice dos abusos. O trabalho ocupa tempo, detém a infância. O extremo me entristece. Como é bom sentar-se ao lado da experiência da vida para que nos ensine. Hoje ela está ocupada, passa o dia à sol, com os braços estendidos na posição de oferta. Não mais oferecem histórias, os cifrões tomaram os sentimentos.
Onde esta o coração humano? Não se estende. Ninguém atende.
Quantas coisas duas estações me tiraram. Sinto-me livre. Já não me permito o tão rotineiro carinho materno, já não encontro meus achados diários. Quão falta me faz dividir os fones, ouvir as histórias continuadas. Os mesmos rostos estão agora eternizados na memória. Ainda dá gosto revê-los, e como dá.
Sei que mesmo aqui, ainda respiro. Sinto-me humano, grato por ainda ter coração e poder senti-lo. No mais, aguardo as próximas estações, espero que cumpram seu ciclo, que encontrem mais corações. Que assim como eu, respirem.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sempre vai ser

Foi concerteza, o maior presente que ja recebi.
A melhor coisa que ja li.



Eu escrevo é pra dizer,
O que eu sinto quando eu ouço essa canção.
Não chega a ser tristeza.
Porque a vida é assim.
E porque felizes, nós ainda somos.
Não chega a ser razão, pra que eu viva assim tão longe de você e você de mim.
Porque eu quero, ser o seu melhor amigo, companheiro,
Ser tudo o que você sempre foi pra mim,
E sempre vai,
Sempre vai ser.

Nosso despoluído amor e a nossa sinceridade,
Que quase nunca doeu demais.
E a certeza de que o acaso que nos uniu, é muito maior do que as circunstâncias que hoje nos mantém longe.

Se eu pudesse trocar uns miúdos com Deus,
Eu lhe pediria,

Você na minha vida outra vez.

Porque quando eu crescer
E ver o meu filho
E quando ele imitar os meus gestos
Eu irei imitar os seus

Porque eu quero ser o seu melhor amigo, companheiro,

Ser tudo o que você sempre foi pra mim
E sempre vai,
Sempre vai ser.

Obrigado!

Porque eu estou aqui.

Obrigado!

Porque eu sou assim.

Porque eu sou feliz, quando todo mundo diz, que o que eu faço faz lembrar você.

OBRIGADO!

Eu jamais vou esquecer

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tic Tac

Nunca fui tão ligado ao tempo, aliás, acho que sempre o temi. Temor pelo que virá contraposto ao ardor de tudo que passou. Eu que outrora vivia falando que “quem vive de passado é museu” hoje me assumiria curador de um. Um museu daqueles onde os corredores sejam intermináveis, onde as obras tenha valores imensuráveis, ao menos pra mim. Não me veja egoísta, me veja amante das minhas preciosidades. É complicado pensar em tudo que passou ao mesmo tempo em que é prazeroso o fazer.
Quando acalmo o físico no fim do dia, passado e futuro travam um duelo pra quem tomara conta desse meu presente. O passado é aquele filme que agente insisti em ver mesmo sendo repetido, é como assistir Chaves e rir de tudo, de novo. O futuro aparece estampado como estréia, ora sabemos como será, mas a ansiedade de vê-lo pode tanto nos empolgar como nos decepcionar. E um contrapondo o outro, é o medo à alegria.
Vasculhando um pouco do que o passado ainda me permite, vejo como são bons nossos velhos cadernos. Os recados nas últimas páginas dão gosto reler. Alguns me esforço para descobrir os autores, outros me vêem facilmente a mente de quem são. Até rabiscos me significam, aliás, muito deles. Como é bom ter isso tudo de volta, mesmo que momentâneo, mas meu. Nada tira o gosto da saudade, aliás, me empanturro dela.
Tempo. Rezo pra que ainda exista, persista. Apesar de muito me ter tirado, tudo me deu. Enquanto passa, rabisco alguns cadernos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tão simples

Pense no afeto como amor, pois é dele que surgimos e é através dele que demonstramos amor. Vivemos em um mundo em que as relações humanas passaram a ser terceiras. A saudade perdeu significado e o afeto contato. Já não nos abraçamos como outrora nossos pais e avós faziam. É tudo muito corrido e cômodo. Fale-se mais por meios, do que contato, mais da vida, de festas, dos outros do que amor. Vivemos de afetos refinados, mais escasso, mais rápido. Os afetos integrais hoje nos empanturam, demonstra amor demais, pra alguns é vergonhoso pra outros isso nem existe. Precisamos da integridade dos afetos, dos sorrisos doados, dos abraços apertados, dos carinhos humanos. Jesus não se refinou por nós, não deu outro na cruz por nós. Foi integral, viveu afetivamente o amor do Pai em nós, amava a todos com igualdade. Jesus não conhecia diferença, não teve afetos refinados, integralizou-se no amor. Perdemos esse afeto, por medo, por injustiças, pelo refinado.
Quantas pedras já lhe atiraram, quantas palavras já machucaram você. Jogam pedras em nós, seguramos as pedras e jogamos novamente, ou nem jogamos. O problema não está na pedra que o outro nos joga, mas, quando seguramos a pedra e ficamos agarrados. Tem gente que recebe uma pedra e fica decorando a vida com ela. A melhor coisa que tem é jogar a pedra fora, não permita que o seu agressor jogue a pedra e você fique com ela na mão. Quantos afetos estragados há dentro de nós, coisas que deveríamos jogar fora e não jogamos.
Os afetos passaram à precariedade humana, sentimos mais ódio que amor. É mais facil dizer não gosto daquela pessoa a dizer prazer em conhecê-la. É por isso a integridade do afeto, devemos ser o que realmente somos e não se vestir de máscaras para um enfeite mundano. No baile de máscaras, não podemos nos apaixonar, pois não conhecemos os outros. Elas caem, precisam cair.
Por isso em meio ao sofrimento procuramos dentro do nosso afeto respostas fáceis, respostas refinadas, mas temos que aceitar as respostas integrais. Muitas vezes preferimos os afetos refinados, aos integrais; pois os integrais dão trabalho para serem aceitos, exigi de nós muito mais estrutura, muito mais trabalho e organização. Sofremos com nossos afetos, por que não sabemos articula-los. É mais facil odiar a amar.
A experiência do desligamento, tem que ser tão linda, como o primeiro encontro.
Devemos viver dos encontros, de bons encontros, de verdadeiros sorrisos e de aconchegantes abraços. Se nos machucamos, é por que esperamos do outro, algo muito elevado. A espera é dolorosa, leva tempo, se não, não seria espera. Deixemos o refinado lado da vida para as coisas ruins. Sejamos integrais, no amor, na partilha e no afeto.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cartas entre Amigos: Sobre Ganhar e Perder


As indagações do mundo real e a da própria vida diária levaram os amigos Gabriel Chalita e padre Fábio de Melo a se corresponderem por um meio quase esquecido em tempos de e-mails: as cartas escritas à mão!

Dessa troca, desse diálogo entre os amigos, surgem de maneira quase iluminadora, respostas para muitas questões que a sociedade ainda espera.
Das reflexões individuais de cada autor nascem as afinidades intelectuais de duas mentes motivadas e envolvidas com nosso tempo, e que trazem ao leitor referências - de textos escritos em outras épocas - que podem ser citadas em qualquer situação do mundo contemporâneo em que vivemos.
Em Cartas entre Amigos: Sobre Ganhar e Perder, de Gabriel Chalita e Fábio de Melo, Machado de Assis, Castro Alves, Guilherme de Almeida, Graciliano Ramos, entre outros escritores, dialogam com as inquietações dos autores e mostram análises confortantes, que aliviam a aparente desesperança de viver no século 21. Já as citações de autoras em plena produção literária, como Adélia Prado e Nélida Piñon, permeiam o livro nos dando a sensação de ser "entendido" por alguém.
Na carta inaugural do livro, Gabriel Chalita lembra como o conhecimento nasce da experiência pessoal, mas cresce pelo convívio e pelo respeito pelo outro. E ensina como a espera e a esperança dão significado à experiência e ao conhecimento, como por exemplo, na frase "esperar é reconhecer-se incompleto".
O livro demonstra que a esperança é por uma humanidade mais fraterna. Porque o mundo contemporâneo impõe "o desafio diuturno de não desistir da pessoa humana". E essas cartas nasceram da aceitação desse desafio, de reinaugurar um futuro com mais solidariedade, empatia, compaixão, respeito e alegria.
Para Fábio de Melo as páginas deste livro são páginas de preservação, um verdadeiro "celeiro de palavras geradoras", já que ambos autores preservam vivas passagens da própria vida para compor este envolvente livro - destinado a conquistar os corações e as mentes de seus leitores.

No mais, é esperar lançar! Ansioso pra ler!

Aquilo de ser da gente!

Já me permiti demais. Excesso gera gasto, inconscientemente dor. Aquilo de uma vida uma trilha sonora, já não é una. Coletâneas se formaram compactos extinguiram. É preciso “mudar o disco”. Excesso gera gosto, conscientemente lembranças. Gosto da comida, da partida, da saudade, da idade.
Era atenção, de presença não prevenção. É saudade, da luta, da rua, da lua. O céu era mais claro, nos permitia vê-lo. A rotina era agradável, dava gosto repetir, era bom sentir. O que hoje me leva a continuação de sonhos é mutável, não ouço sorrisos, não vejo vozes. Não há sentimentos, traz tormentos, leva lamentos. A paz que outrora tardava a meu lado se generaliza numa acelerada e constante ida. Nada mais.
Espero que não se cansem nem se espalhem. Ainda os vejo, ora em sonhos, ora emoldurados, no pulso, sempre pulsantes. Das fazendas ao carro na calçada. Me acompanham, me recordam, me orgulham, fazem falta. No geral, me completam.

terça-feira, 23 de março de 2010

Seja bem-vindo!

Algo com um quê de nascer novamente. Os primeiros cuidados já não são mais de um recém-nascido, aparentam-se mais bruscos, mais duros. Aquela atenção periódica estende-se agora aos fins de tarde, já não há nada de novo, nada encantador, totalmente bucólico.
O “engatinhar” veio precoce, a necessidade de uma constante evolução tomou conta daqueles aconchegantes braços, dos bons abraços. Aqueles abraços. O encômodo sufoco é hoje uma saudade insólida. Já não cresço com os meus, já não tenho a segurança de me sentir inseguro. Os risos, os choros, os tombos parecem me levar gradativamente a situação fetal.
As etapas hoje encurtam-se em dias. Como tudo muda, como nada muda. Distâncias separam corações, enaltecem almas, aliviam dores. Hoje o “não nos afastemos muito!”, soa um tanto simbólico, mas gosto de símbolos. Talvez a semiótica ora me explique e meu “eu-lírico” desista de mim. Já não coexistimos mais, já não mais sentamos juntos. Tudo uma nova jornada, mas que gosto teria o novo se o antigo não o permitisse?
Revigorante seria se todos nós permitissimos amar. Permissão, não obrigação. Cada ser humano se define pelo coração que tem e não pelo perfume que compra ou pela vitrime que se reflete. Aquilo de aparência hora acaba, nenhum teatro permanece com suas cortinas abertas para sempre.
Consigo caminhar, mais caminho sozinho, o tempo me levará as mazelas de uma bengala, mas são elas ao fim que me darão apoio. Espero que todos a encontrem em sua significativa metáfora. Que a saudade permaneça, que o amor exista e que eu jamais me esqueça de como foi bom deixar sempre comigo o que comigo sempre esteve.
“... vamos sempre de mãos dadas!”

Lar doce Lar!

Lar doce lar. Contudo, fato sem fundamento. Talvez nem sempre doce, mas sempre lar. Fosse sim, uma infância agradável onde somente lavar os pés antes de deitar, reforçar-se o agradável acalento de mãe no beijo de boa noite. Foi sempre assim, um acalento. Que me julgue quem por opinião formada ou conveniência não idealizou um dia, que fugir de casa era solução. É que o mundo lá fora possui “vitrines” mais agradáveis, contudo são apenas vitrines, manipuladas sempre por alguém que as refaça sempre que a ilusão lhe agrade.
E cresci assim, “fugindo” de casa, fugindo de mim. Fazia de semestres escolares uma segunda “casa”. Contudo no saber de ser a segunda, uma hora sempre voltava à primeira. Nada na vida pula uma seqüência lógica humana. Idealizam uma rotina que por definição, nem sempre é agradável ou até mesmo desgastante. Tudo faz parte de um equilíbrio lógico, ama-se enquanto tem, ama-se mais assim que “perde”.
Crescemos ouvindo opiniões, ouvindo conselhos e porque não asneiras. Agora sei quando me falavas que é preciso sair, é preciso mudar. Uma mudança mais egocêntrica que mundana. Eu sei que uma hora agente sempre sai, talvez por isso, que nascemos, crescemos e nos formamos em casa. É perecível, mas não que se perca totalmente, e sim para que se faça lição. O pirulito de uva e a bala chita não seriam os mesmos se uma hora não findassem. A sensação de “querer mais” traz o gosto de uma infância sempre que neles entregamos nosso paladar. São de lembranças que vamos um dia, passar dias, vivendo-as novamente.
Hoje eu sei que é preciso, mas já não quero mais “fugir” de casa, já não fugir de mim. Quero que minhas andanças futuras sempre me traga de volta. Somos seres regidos do livre arbítrio, e é desse escolher voltar que quero me contemplar. Não voltar ao físico, mas ter de volta o acalento.
Hoje, sei que volto, chego a ermo, chego feliz. A cama já não é a mesma, a volta também não, a dor muito menos. Mas por uma certeza volto feliz, aquele beijo materno me espera, seco talvez por preocupação, por ansiedade, mas um beijo de mãe.